Pizzini abre a sessão Cinema com poesia, com seu filme "Caramujo-flor"

Pizzini abre a sessão Cinema com poesia, com seu filme “Caramujo-flor”

Hoje, às 17h, volta à Sala de Leitura a sessão “Curta Vladimir Carvalho, com a projeção de “Itinerário de Niemeyer”, sobre a trajetória do arquiteto que era avesso a entrevistas; “Os Romeiros da Guia”, sobre a peregrinação anual de romeiros às ruínas da Igreja de Nossa Senhora da Guia, no litoral norte da Paraíba; e “Quilombo”, que lança luzes sobre uma comunidade negra remanescente de antigo quilombo de Goiás vivendo da lavoura e do fabrico rudimentar de doce de marmelo. Às 19h30, entra em cena a sessão Cinema de Poesia, com a exibição de “Caramujo-flor”, de Joel Pizzini, que recria o universo poético de Manoel de Barros. Ainda na sessão de Pizzini, serão apresentados “Enigma de um dia”, que destaca obra do pintor italiano Giorgio de Chiricó; “Glauces, Estudo de um Rosto”, que traz reflexões sobre Glauce Rocha, protagonista do filme Terra em Transe, de Glauber Rocha, entre outros; “Dormente”, que alinha uma série de cenas noturnos, num brinde à viagem cotidiana feita em meio à escuridão e sob luzes artificiais

OLHO NU

Pizzini pisou com o pé direito no cinema. Em 1990, produziu o filme entre o documentário e o experimental dedicado ao poeta Manoel de Barros, Caramujo-flor, que, entre outros prêmios, foi escolhido o melhor curta-metragem do Festival de Huelva, na Espanha. Em seguida, realizou dois filmes dedicados à pintura: em 1995, O pintor, sobre a vida do artista plástico Iberê Camargo, e, em 1996, Enigma de um dia, inspirado num quadro do italiano Giorgio De Chiricco. Seu interesse pela poesia e pelas artes plásticas levou-o a montar uma série de instalações com projeção de filmes, como As quatro estações, de 1998. Nascido no Rio de Janeiro em 1960, antes de realizar seus primeiros filmes foi assistente de direção de Sylvio Back em Guerra do Brasil (1986). Realizou uma série de documentários para televisão sobre intérpretes de cinema, entre eles, Leonardo Villar, Othon Bastos e Jece Valadão. Para cinema dirigiu também diversos documentários de curta e longa-metragem, com destaque para o longa 500 almas (2004), vencedor do prêmios de melhor fotografia, trilha sonora, som e montagem no Festival de Brasília, e prêmio de melhor documentário pelo júri oficial do Festival do Rio de 2005.

Nesta semana, o trabalho mais recente de Pizzini chega aos cinemas O documentário “Olho nu”, sobre a trajetória do cantor Ney Matogrosso, que foi dirigido pelo cineasta no curta experimental “Caramujo-Flor” . “Olho nu” está em 20 salas do Rio.

OFICINA

Pizzini é o ministrante da oficina de Cinema & Literatura “Correspondências Poéticas: a releitura cinematográfica, que está sendo ministrada paralelamente à exibição de filmes.

A Oficina propõe uma experiência interdisciplinar envolvendo o diálogo da obra de Manoel de Barros, um dos maiores poetas vivos do país, com a linguagem cinematográfica.

 

A partir da exibição de trechos de trabalhos realizados sobre a criação (poesia) e o criador (poeta), o curso discute as inúmeras formas narrativas que podem ser adotadas na transposição de uma obra literária para o cinema.

 

Conceitos mais clássicos como a “adaptação” e mais contemporâneos como “transcriação” serão examinados no curso, levando em conta a natureza de cada abordagem proposta.

 

Joel Pizzini apresenta um material inédito desde entrevistas suas com o poeta até correspondências trocadas com ele que servirão de base para o filmensaio que prepara atualmente, chamado “Manual de Barros”.

 

Por meio de exercícios, e evocação de métodos utilizados por diferentes autores na transfiguração de obras literárias, o curso oferece uma visão ampla dos processos empregados na arte moderna com ênfase em releituras e apropriações feitas por autores do chamado “Cinema de Invenção” sintonizado na máxima de Barros:” imagens são palavras que nos faltaram”.